Toda festa de de aniversário começa quando aquelas crianças chatas chegam de mãos dadas com seus pais, trazendo junto o presente barato e um cachorro mal cheiroso. Quando a mãe começa a servir o guaraná morno, os salgadinhos frios. Também tem a messa do bolo, que antes tinha cem docinhos, e agora só tem trinta. Os adultos se sentam na sala, enquanto as crianças correm pela casa, e uma menina de vestido branco e rosto angelical acaba de sentar-se no pedaço de bolo de chocolate que a vovó tinha deixado cair no sofá.
Também tinha o padrinho do aniversariante, que veio de longe para a festa do menino, e ele nem deu b ola para ele. A mãe o chamava na sala:
- Caio! Venha aqui e tome a bênção do seu padrinho!
- A bênção, padrinho!
- Deus lhe abençoe meu afilhado! Gostou do presente?
- Gostei!
- Então agradeça meu filho.
- Obrigado pelo x-mem evolution, padrinho.
A mãe até ficou feliz pela educação do filho, mas triste pela ironia, porque na verdade ele tinha ganhado um carrinho de plástico. A mãe já não aguenta mais, já eram meia noite e ninguém tinha ido embora, o pai sentado na sala, tomando cerveja e não queria nem saber de ajudar a mãe, que já estava com as pernas bambas de tanto andar, de um lado para o outro, tentando impedir as crianças de quebrarem suas jarras de louça cara.
Mas até que fim uma criança começou a achar, a festa chata e resolveu ir embora. Metade da casa já estava vazia. A mãe já não estava aguentando mais. Uma festa de aniversário só fica chata depois do ''parabéns para você '', depois que todos se cansam de beber o guaraná morno, e so acana quando a última criança sai arrastada pelo último pai.
Crônica de Daniela Alves 3°
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